quinta-feira, 1 de novembro de 2012

escrito XXXII


[ não queria temer pelo pior, nem pelo que o futuro pode ou não vir a trazer ]


António: acorda para mais uma manhã que se faz para morrer. É esta a penitência das coisas que nascem. A morte. Um fim antecipado. Ele sabe. Todos sabemos. O mundo inteiro sabe. Encerra-se nesse conhecimento a beleza dos momentos, das vivências, do amor: essa arma que sente adormecer no frio da noite. A importância de tudo aquilo que não é perene. Uma beleza que se encerra numa intensidade sem grau de significação. Por não ser modesta. No fim, por se saber finita. António encontra-se nesse pequeno espaço, nesse intervalo daquilo que é e vai deixar de ser. No intervalo da manhã, da tarde, da noite. António é o intervalo do que nasce para morrer. Porque teme. António é a intensidade do que se faz, para não se ver, no que foi. A aguarela que se escapa por entre a rugosidade do papel.


NÃO EXISTE MATEMÁTICA PARA ISTO TUDO
que tudo isto, não é mais, do que uma ilusão que me impregnaste no olhar: o futuro.


sinto a manhã terminar-me no seu espaço, numa insuficiência de não lhe poder fazer parte


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