domingo, 5 de dezembro de 2010

escrito XXVII

avesso

Como queria que sofressem a minha ausência, não porque vos desejo ver sofrer, mas porque afinal fui alguém sem notar.
Fica-me o silêncio.

Tocou o céu e o inferno, na noite
Na escuridão de encantos e tremores
Rasgou-se da vida

Ali, rasgado e largado
De alma, amputado, sangrado
Coração em pó, ardido:
Doença degenerativa do sentimento.

Noite de luto, sem lua, nua
Que o abraça no profundo,
E o veste de escuro, e o engole
Na imensidão da eternidade.

Mármores frias das campas de quem se entregou
Flores secas de quem se esqueceu,
E uma foto, não mais que foto, não mais
Memória de alguém.

Choveu água fria, nesse dia, recordo
Olhares diluídos, rios para a imensidão da terra
Da imensidão da dor, de quem
Por olhares se escondeu, do olhar preso de quem

Agora é ninguém,
Na mármore, onde alguém
Jaz morto.

2 comentários: